Célia Barroca é uma fadista amadora, na verdadeira acepção da palavra. Sente a música e o que canta. Mas não pensa em enveredar pelo profissionalismo.
Célia Barroca é o resultado de um cruzamento artístico entre o rural e o urbano. E os seus espectáculos reflectem isso mesmo. O fandango ribatejano irmana-se com coreografias modernas. A típica guitarra portuguesa e a viola de fado trocam sons com instrumentos mais elitistas, como o contrabaixo ou o violoncelo.
São reflexos assumidos de uma vida começada em Riachos e que mais tarde conheceu o bulício urbano e cultural de Lisboa, onde estudou e se formou, primeiro em História, depois em Teatro, no Conservatório Nacional. Foi actriz profissional durante três anos no Teatro do Século. Hoje é professora de Expressão Dramática na Escola Superior de Educação de Santarém.
Célia Barroca corporiza a história clássica da criança que tinha ouvido para a música, que gostava de cantar para a família.
Depois deu-se o ingresso no rancho de Riachos, onde cantou e dançou. Por vezes, em digressões ao estrangeiro, pediam-lhe que interpretasse também uns fados. As danças e cantares duraram até ingressar na universidade em Lisboa. Começava aí a etapa urbana que durou uma boa meia dúzia de anos, antes de regressar às raízes e começar a dar aulas. Foi incentivada a cantar por um grupo de amigos ligados ao fado e, assim, começou a sua carreira. O primeiro espectáculo a solo fê-lo em Paris, quando tomou o gosto preciso para fazer espectáculos com o seu cunho pessoal, acompanhada pelos músicos Luís Petisca, Pedro Pinhal, Rodrigo Serrão e Susana.
Vê o mundo do fado como um repositório de tradições, como um universo que é preciso cultivar e também inovar mas sem adulterações. É por isso que dá importância ao guarda-roupa e tem uma estilista que talha as indumentárias com que se apresenta em palco.
Todos nós temos Amália na voz e Célia Barroca assume-o sem complexos de qualquer espécie, começou por Amália, mas rapidamente interpretou poemas de Manuel Alegre, de Luís de Camões ou de José Carlos Ary dos Santos.
Como uma fadista independente que é a sua agenda de concertos vai-se compondo com os convites de amigos. Já editou o Cd Lágrima Tola e prepara-se para o segundo.
Elaborado por Rosa Vieira